domingo, 5 de setembro de 2010

Crianças Invisíveis: a infância perdida


Crianças Invisíveis é uma produção encomendada pela Unicef e realizada pelas mãos hábeis de oito diretores consagrados de diferentes nacionalidades. A realidade dos continentes tem recortes de suas crianças transpostos para as telas a partir do olhar sensível e diferenciado de nomes como os do inglês Ridley Scott e de sua filha Jordan Scott, da brasileira Katia Lund (co-diretora de Cidade de Deus), do norte-americano Spike Lee, do chinês John Woo, do italiano Stefano Veneruso, do bósnio Emir Kusturica e do argelino Mehdi Charef.

Há, evidentemente, para cada diretor uma produção. O filme é, então, uma colcha de retalhos que nos coloca a cada momento num paralelo específico, a observar o que está acontecendo, nesse exato momento, com algumas crianças em seus respectivos países/continentes. A qualidade dos trabalhos é marcada pela instabilidade. Mesmo levando-se em conta o currículo recheado dos cineastas que estão envolvidos no projeto, alguns filmes são melhores e mais tocantes enquanto outros parecem carecer de um pouco mais de brilho e empenho de seus realizadores.

Há histórias que nos atingem mais profundamente e nos fazem sentir a dura realidade das crianças ali retratadas como se estivéssemos no lugar delas. Outras são um pouco mais frias e distantes, mas também se prestam a denunciar irregularidades, erros, descaminhos e problemas que abreviam a infância e forçam muitas e muitas crianças a amadurecer prematuramente às custas de grandes sofrimentos.

Sem patriotadas é possível definir o filme de Kátia Lund como a melhor realização entre os curta-metragens que compõem Crianças Invisíveis. Parecemos caminhar pelas ruas de São Paulo ao lado das crianças que protagonizam o filme. Cada detalhe das ruas paulistanas parece muito familiar aos espectadores brasileiros, mesmo para aqueles que moram no Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife.

A decepção maior fica por conta do trabalho do oscarizado Ridley Scott, em parceria com sua filha Jordan Scott. A Grã-Bretanha dos Scott não nos parece real, como também as crianças que ali aparecem. O projeto poderia ter uma resposta melhor se a questão das minorias étnicas fosse o foco do projeto de cineastas europeus como Scott. Questões primordiais relativas a esse tema têm sido discutidas em nações prósperas e socialmente bem estabelecidas como a França, a Alemanha e a própria Inglaterra e seriam enriquecedoras caso incluídas no filme.
O filme sobre a Itália também decepciona e se mostra frágil em seus argumentos ao destacar a marginalidade dos adolescentes e seu envolvimento com cigarros e drogas ilícitas. Seria possível explorar dentro do universo europeu o envelhecimento de sua população e a solidão das crianças que vivem em países com PIB elevado e seguridade social garantida. Que infância têm esses meninos e meninas?

A inclusão da África e de suas guerras civis, o episódio norte-americano falando sobre a exclusão a que estão submetidos os aidéticos (com um olhar particularmente devotado a comunidade negra, bem ao estilo de Spike Lee), os reformatórios na Bósnia-Herzegovina e na Sérvia a nos colocar em contato com as crianças marginalizadas e violentas (o que pode nos fazer lembrar da Febem...) e o contraste da infância rica e da pobre na China dos novos tempos (num ótimo trabalho de John Woo) nos permitem uma ampla e interessante visão global da infância perdida.

Ficamos órfãos, no entanto, de uma voltinha pela Oceania, pelos cantos do Oriente Médio, de tão competentes cineastas, e pelas cercanias da Índia (e sua prolífica Indústria Cinematográfica, que poderia nos legar capítulos interessantes nesse volume). Quem sabe essas histórias não ficaram para uma nova e necessária versão do filme, uma continuação que valeria a pena fazer...
Precisamos abrir os olhos e dar mais atenção a essa infância desperdiçada, violentada e desesperançada. Tem nos faltado a devida sensibilidade para que essa nobre causa ganhe mais e mais defensores em todo o planeta. O filme certamente queria abrir não só os nossos olhos, mas também os nossos corações,...

O Filme
Os morros africanos nos introduzem nas mazelas das crianças e nos transportam para as disputas políticas que geram as guerras civis africanas. Crianças travestidas de soldados que se escondem no meio de plantações à espreita de soldados que representam ditadores e opressores que controlam tudo a mão de ferro. O medo não parece acompanhar os meninos. O ódio, por sua vez, é ingrediente que nutre cada um de seus passos sem lhes dar um só instante de trégua...

Como num passe de mágica, que só o cinema nos permite, viajamos milhares de quilômetros e atravessamos o Atlântico para chegar às ruas da Grande São Paulo. Acompanhamos os passos de duas crianças pelas ruas da opressora metrópole. Catadores de papelão, latinhas e sucatas em geral, os irmãos João e Bilú, sofrem com o trânsito, a disputa por espaço em seu “mercado de trabalho”, a violência e o desdém com que são tratados por tantas pessoas e até mesmo com o clima e a poluição. Tudo isso sem perder a esperança, a fé e o bom humor...

Do norte do continente migramos para os bairros de Nova Iorque. Não é o lado rico e charmoso da cidade que nos acolhe. São os bairros mais simples, que para muitas cidades do mundo pobre seriam considerados até mesmo privilegiados diante da tamanha miséria em que vivem. Dentro de um desses apartamentos acompanhamos a triste realidade de uma menina aidética e de seus pais viciados. Há luz no fim do túnel para essas pessoas?

Da América vamos para a Europa, chegamos num reformatório Bósnio. Meninos que burlaram a lei estão todos reunidos sob a tutela de um pretenso educador/diretor de instituição correcional. Será possível reverter a história desses meninos marginalizados pela sociedade e pelos desmandos de suas próprias famílias?

Ainda na Europa passeamos pela Inglaterra e os traumas das crianças que sobrevivem às guerras na orfandade. Com os pais mortos nos conflitos e a economia de seus países arruinada pelas bombas lançadas dos céus, que destino existe para essas crianças e adolescentes?

Na Itália o nosso foco passa a ser o desvio provocado pelos vícios e pela desestruturação familiar. Crianças, pré-adolescentes e adolescentes que perambulam pelas ruas atrás de vítimas distraídas que possam ter suas carteiras furtadas ou relógios caros roubados. De suas rápidas desventuras surge o necessário dinheiro para pagar os vícios do cotidiano...

O episódio mais tocante fica, porém, para o final. Para tanto migramos para a China. A opulenta economia chinesa e seus altos índices de crescimento nos colocam em contato com uma emergente parcela de sua sociedade que tem automóveis de luxo, casas amplas e dinheiro suficiente para comprar muitos brinquedos para suas crianças. Do outro lado da cidade, em casebres lúgubres que nos lembram os cortiços de Aluísio de Azevedo, vivem milhões de pessoas que lutam somente para sobreviver. Sua busca não é pela riqueza, mas pelo pão de cada dia. Entre elas há muitas crianças...
Cada história traz várias imagens fortes. A tristeza no rosto das crianças é uma das mais marcantes. Nos diferentes países há uma evidente amargura expressa na face desses menores. Apesar disso o que mais me tocou com profundidade foram as lições de esperança dos protagonistas das histórias brasileira e chinesa. Seus exemplos e otimismo parecem nos dizer que ainda dá tempo de virar o jogo.
Apesar da irregularidade dos episódios, Crianças Invisíveis é um gol de placa da Unicef. Pena que a distribuição do filme nos cinemas e nas locadoras tenha sido tão restrita. Temos que levar a produção para as salas de aula e despertar nossos alunos para o flagelo que devora as infâncias de tantas e tantas crianças mundo afora...

Ficha Técnica:

Crianças Invisíveis(All the invisible children)
País/Ano de produção: Itália, 2005Duração/Gênero: 116 min., Drama Direção de Kátia Lund, Spike Lee, Ridley Scott, Jordan Scott, Stefano Veneruso, John Woo, Mehdi Charef e Emir KusturicaRoteiros de Mehdi Charef, Diogo da Silva, Stribo Kusturica, Kátia LundCinqué Lee, Joie Lee, Spike Lee, Qiang Li, Stefano Venerusco, Jordan ScottElenco: Francisco Anawake, Maria Grazia Cucinotta, Damaris Edwards, Vera Fernandez, Hazelle Goodman, Hannah Hodson, Zhao Ziann, Wenli Jiang, David Thewlis, Jake Ritzema, Kelly Mcdonald, Rosie Perez, Andre Royo, Qi Ruyi, Lanette Ware.
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Kevin Lyttle


Kevin Lyttle (born Lescott Kevin Lyttle Coombs, September 14, 1976) is a soca artist hailing from Saint Vincent and the Grenadines, who had a worldwide hit with the interpellative soca ballad, "Turn Me On", which was recorded by Lyttle and the dancehall artist Spragga Benz. The song was previously recorded by Lyttle and Vincentian soca star MaddZart and produced by Adrian Bailey.

Career

Previously, Lyttle had subsisted on day jobs, such as customs officer and radio disc jockey. Lyttle recorded "Turn Me On" in Saint Vincent and the Grenadines in 2001. His strong live performances of soca influenced by dancehall and contemporary R&B made the song a hit throughout the Caribbean.
The song started finding its way into
clubs in the UK. It was officially released as a single in the UK in late 2003 and reached number two in its first week, spending seven weeks in the Top 10 of the UK Singles Chart.
It later reached number eleven in Finland and number three in Australia; and was a hit in other twelve countries. The single was released in the U.S. in 2004 and the video was added to MTV on May 24, 2004. "Turn Me On" eventually went gold in the U.S. and peaked at number four on the Billboard Hot 100.
Lyttle signed with
Atlantic Records in 2003.

His self-titled album was released on July 27, 2004 in the U.S. The second single, "Last Drop", has been released in markets outside the U.S., and has reached the Top 10 in Finland, the Top 20 in Switzerland, the Top 30 in the UK and Top 40 in the Netherlands, Sweden, and Australia.
Along with Byron Lee and Arrow, he performed at the Cricket World Cup 2007 opening ceremony in Greenfield Stadium, Jamaica.
Lyttle's latest album, Fyah, was released by
Universal Records in Japan in the late summer of 2008. It featured contributions from the artists, Problem Child, Lexxus and Skinny Fabulous, plus a duet version of "Turn Me On" with Alison Hinds. Single releases included the title song and the Kevin Rudolf produced, "Something About You". U.S., Canadian, European and Caribbean releases followed.
Personal life
Lyttle lives in
Miami, Florida and is engaged to Dr. Jacqueline James.

Discography
Albums
2004:
Kevin Lyttle - #8 U.S.
(RIAA certification: Gold)
2008: Fyah -
Universal - Japan

Singles
2004: "
Turn Me On" - #4 U.S., #2 UK
2004: "Last Drop" - #22 UK
2004: "Drive Me Crazy"
2008: "Fyah"
2009: "Anywhere" featuring
Flo-Rida

References
Roberts, David (2006). British Hit Singles & Albums (19th ed.). London: Guinness World Records Limited. p. 335. ISBN 1-904994-10-5.

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