sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ler pouco




Ler pouco:

Jovem, eu sonhava ter uma grande biblioteca. E fui assim pela vida, comprando os livros que podia. Tive de desenvolver métodos para controlar minha voracidade, porque o dinheiro e o tempo eram poucos. Entrava na livraria, separava todos os livros que desejava comprar e, ao me aproximar do caixa, colocava-os sobre o balcão e me perguntava diante de cada um: “ Tenho necessidade imediata desse livro? Tenho outros, em casa, ainda não lidos? Posso esperar?” E assim ia pegando cada um deles e os devolvendo às prateleiras. A despeito desse método de controle cheguei a ter uma biblioteca significativa, mais do que suficiente para as minhas necessidades.
Notei, à medida em que envelhecia, uma mudança nas minhas preferências: passei a ter mais prazer na seção dos livros de arte nas livrarias. Os livros de ciência a gente lê uma vez, fica sabendo e não tem necessidade de ler de novo. Com os livros de arte acontece diferente. Cada vez que os abrimos é um encantamento novo! Creio que meu amor pelos livros de arte têm a ver com experiências infantis.
Talvez que os psicanalistas interpretem esse amor como uma manifestação neurótica de regressão. Não me incomodo. Pois, em oposição à psicanálise que considera a infância como um período de imaturidade que deve ser ultrapassado para que nos tornemos adultos, eu, inspirado por teólogos e poetas, considero a maturidade como uma doença a ser curada. Bem reza a Adélia Prado: “ Meu Deus, me dá cinco anos, me cura de ser grande…” E não pensem que isso é maluquice de poeta. Peter Berger, um sociólogo inteligente e com senso de humor, definiu “maturidade”, essa qualidade tão valorizada, como “ um estado de mente que se acomodou, ajustou-se ao status quo e abandonou os sonhos selvagens de aventura e realização…” Menino de cinco anos, eu passava horas vendo um livro da minha mãe, cheio de figuras. Lembro-me: uma delas era um prédio de dez andares com a seguinte explicação: “Nos Estados Unidos há casas de dez andares.” E havia a figura de um caçador de jacarés, e de crianças esquimós saudando a chegada do sol.
O fato é que comecei a mudar os meus gostos e chegou um momento em que, olhando para aquelas estantes cheias de livros, eu me perguntei: “Já sou velho. Terei tempo de ler todos esses livros? Eu quero ler todos esses livros?” Não, nem tenho tempo e nem quero. Então, por que guardá-los? Resolvi dar os livros que eu não amava. Compreendi, então, que não se pode falar em amor pelos livros, em geral. Um homem que diz amar todas as mulheres na verdade não ama nenhuma. Nunca se apaixonará. O mesmo vale para os livros. Assim, fui aos meus livros com a pergunta: “Você me ama?” (Acha que estou louco? É Roland Barthes que declara que o texto tem de dar provas de que me deseja. Há muitos livros que dão provas de que me odeiam. Outros me ignoram totalmente, nada querem de mim… ). “Vou querer ler você de novo?” Se as respostas eram negativas o livro era separado para ser dado.
Essa coisa de “amor universal aos livros” fez-me lembrar um texto de Nietzsche sobre o filósofo Tales de Mileto, em que ele recorda que “a palavra grega que designa o “sábio” se prende, etimologicamente, a sapio, eu saboreio, sapiens, o degustador, sisyphos, o homem de gosto mais apurado; um apurado degustar e distinguir, um significativo discernimento, constitui, pois, (…) a arte peculiar do filósofo. (…) A ciência, sem essa seleção, sem esse refinamento de gosto, precipita-se sobre tudo o que é possível saber, na cega avidez de querer conhecer a qualquer preço; enquanto o pensar filosófico está sempre no rastro das coisas dignas de serem sabidas…” E depois, no Zaratustra, ele comenta com ironia: “Mastigar e digerir tudo – essa é uma maneira suina.”
O fato é que muitos estudantes são obrigados a ler à maneira suina, mastigando e engolindo o que não desejam. Depois, é claro, vomitam tudo… Como eu já passei dessa fase, posso me entregar ao prazer de ler os livros à maneira canina. Nenhum cachorro abocanha a comida. Primeiro ele cheira. Se o nariz não disser “sim” ele não come. Faço o mesmo com os livros. Primeiro cheiro. O que procuro? O cheiro do escritor. Se não tem cheiro humano, não como. Nietzsche também cheirava primeiro. Dizia só amar os livros escritos com sangue.
Ler é um ritual antropofágico. Sabia disso Murilo Mendes quando escreveu: “No tempo em que eu não era antropófago, isto é, no tempo em que eu não devorava livros – e os livros não são homens, não contém a substância, o próprio sangue do homem?” A antropofagia não se fazia por razões alimentares. Fazia-se por razões mágicas. Quem come a carne do sacrificado se apropria das virtudes que moravam no seu corpo. Como na eucaristia cristã, que é um ritual antropofágico: “Esse pão é a minha carne, esse vinho é o meu sangue…” Cada livro é um sacramento. Cada leitura é um ritual mágico. Quem lê um livro escrito com sangue corre o risco de ficar parecido com o escritor. Já aconteceu comigo…

Rubem Alves

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Frei Beto

Carlos Alberto Libânio Christo
Frei Betto O.P., (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro, filho do jornalista Antônio Carlos Vieira Christo e da escritora e culinarista Maria Stella Libanio Christo, autora do clássico "Fogão de Lenha - 300 anos de cozinha mineira" (Garamond).

Professou na Ordem Dominicana, em 10 de fevereiro de 1966, em São Paulo.
Adepto da Teologia da Libertação, é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, entre 2003 e 2010. Frei Betto, foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero.

Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir 4 anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para 2 anos. Sua experiência na prisão está relatada no livro "Cartas da Prisão" (Agir), "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco) e Batismo de Sangue (Rocco), traduzido na França e na Itália. O livro descreve os bastidores do regime militar, a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito. O livro foi transposto para o cinema em filme homônimo, lançado em 2006 e dirigido por Helvecio Ratton.

Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Assessorou vários governos socialistas, em especial Cuba, nas relações Igreja Católica-Estado.

Prêmios:
Prêmio Juca Pato, 1985, com "Batismo de Sangue".
Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, duas vezes: em 1982, pelo mesmo "Batismo de Sangue" e 2005, com "Típicos Tipos – perfis literários".
Intelectual do Ano, título dado pela União Brasileira de Escritores em 1986, por seu livro "Fidel e a Religião".
Prêmio de Direitos Humanos da Fundação Bruno Kreisky, em Viena, em 1987.
Melhor Obra Infanto-Juvenil, da Associação Paulista de Críticos de Arte, por seu livro "A noite em que Jesus nasceu", em 1988.
Troféu Sucesso Mineiro, em 1996, da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
Prêmio Paolo E. Borsellino, na Itália, por seu trabalho em prol dos direitos humanos. Foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio, concedido em maio de 1998.
Prêmio CREA/RJ de Meio Ambiente, em 1998, do CREA/RJ.
Medalha Chico Mendes de Resistência, concedida pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro em 1998.
Troféu Paulo Freire de Compromisso Social em 2000.
Medalha da Solidariedade do governo cubano, em 2000.
Uma das 13 Personalidades Cidadania 2005, numa iniciativa da UNESCO, Associação Brasileira de Imprensa e jornal Folha Dirigida.
Medalha do Mérito Dom Helder Câmara do Instituto Cidadão, pelos serviços prestados na preservação e fiscalização da gestão pública moral e legal, em 2006.
Título de Cidadão Honorário de Brasília, em 2007, concedido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Bibliografia:
Publicou obras que abrangem diferentes gêneros:

Ficção: Hotel Brasil e Entre todos os homens
Literatura infanto-juvenil: Uala, o amor
Ficção juvenil: Alucinado som de tuba e O vencedor
Ensaio: A obra do artista - Uma visão holística do universo e Sinfonia universal- a cosmovisão de Teilhard de Chardin, Treze contos diabólicos e um Angélico
Memórias: Batismo de sangue e Alfabetto: autobiografia escolar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ensaio sobre Saramago





José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes

O documentário sobre a relação de José Saramago com sua esposa, a jornalista espanhola Pilar Del Rio, é bastante emocionante e singelo. As câmeras desvelam as minúcias de um relacionamento intenso e afetivo, que revela inúmeros momentos alegres e cômicos da intimidade do casal, mas também os problemas de saúde e a presença sempre forte da morte, especialmente nas falas e nas reflexões do próprio Saramago. É impossível não se emocionar com o carinho que o escritor português – através de palavras e gestos – trata Pilar; sua preocupação com seu ofício de escritor, o temor de não conseguir concretizar seu último livro (A Viagem do Elefante. O leitor atento, porém, sabe que este não foi seu último livro, pois ele ainda escreveu Caim, ambos publicados pela Companhia das Letras); mas também sua paixão pela vida. Enfim, o filme atinge em cheio seu objetivo central, qual seja, registrar a intensidade afetiva do encontro de Saramago e Pilar e com isso afetar energeticamente o espectador. Existe, porém, um ponto secundário no discurso do filme que abre caminho para outro tipo de reflexão. As câmeras do documentário registram essencialmente dois tipos de situação, ainda que estas acabem se misturando: os momentos íntimos e os eventos públicos. Os primeiros, em teoria, seriam os mais freqüentes, já que registram o espaço do casal, as conversas e os gestos mais reservados. Apesar de o filme estar focado na intimidade do casal, o espectador é bombardeado por uma enorme sequência de eventos públicos, nos quais tanto Saramago quanto Pilar participam. São palestras, entrevistas, lançamentos, noites de autógrafos, homenagens, manifestações políticas, etc. Ainda que a presença mais forte e fulgurante nesses eventos públicos seja do escritor, Pilar também ocupa um espaço relevante, por exemplo quando se manifesta contra a guerra do Iraque. Há também um espaço de transição quando Pilar, e quase sempre é ela que assume esse papel, fala sobre a rotina de trabalho do casal, o tratamento da correspondência, etc. O que fica evidente é uma espécie de exaustão da figura pública do escritor. Ele precisa realizar um trabalho constante de visibilidade, no qual sua presença garanta uma espécie de suplemento de intensidade ao seu próprio ofício. É como se na contemporaneidade não bastasse a escrita, mas esta precise ser constantemente alimentada por um elemento excessivo, algo externo ao próprio texto, que percorre um circuito midiático intenso e constante. Saramago precisa autografar, falar, se fazer presente e visível. A sua vida é progressivamente convertida numa figura ficcional, ele se torna um personagem de si próprio. Esse processo é desgastante e exaustivo. A necessidade de viajar constantemente, por exemplo, deixam o escritor profundamente abalado e debilitado. Mas nada evidencia com mais clareza esse desgaste do que as exigências da fala. Saramago reclama inúmeras vezes de que talvez não tenha coisas novas a dizer, mas é instado a continuar sempre repetindo o que já disse. Essa repetição cria um espaço vazio no seu discurso, fato que é muito lucidamente diagnosticado pelo próprio escritor, no qual nada realmente é dito e a fala se torna um gesto puramente performático. Ele fala simplesmente porque precisa alimentar aquelas engrenagens midiáticas. Isso revela um decisivo deslocamento na representação clássica do intelectual engajado. Como se sabe, ao longo do século XX, sempre houve um espaço para a figura do intelectual que fala no espaço público, se posicionando diante dos dilemas políticos do seu tempo. Essa figura, entretanto, perdeu grande parte do seu sentido na contemporaneidade. Esse processo de esvaziamento do intelectual engajado afeta Saramago diretamente. São bastante conhecidas suas posições políticas (comunista, ateu, a favor dos direitos sociais e contra a opressão, etc.), porém o documentário evidencia como essa sua opção é progressivamente esvaziada pela insistente repetição de sua imagem. Chega um ponto no qual ele não consegue mais ser o intelectual que aborda os temas relevantes pelo simples motivo de que precisa falar o tempo inteiro a respeito de qualquer coisa. E o que fica em segundo plano é sua própria obra. O autor, convertido em ator, torna-se o grande motivo de preocupação do público. As pessoas ficam ávidas por uma dedicatória, ou em casos extremos de constrangimento, desejam que o pobre escritor desenhe um hipopótamo em seus livros!!. Curiosamente, o próprio documentário reforça essa transformação. O que vemos na tela do cinema, acima de tudo, é a construção de um personagem poderoso, o casal Saramago/Pilar. É por isso que, apesar dos momentos íntimos serem até menos freqüentes que os eventos públicos, o que acontece é uma intimização da figura do escritor. Ele deixa de ser relevante pelo seu ofício (a escritura) e se torna uma figura midiática. Não é a toa que os inúmeros compromissos públicos acabam dificultando a própria temporalidade da escrita, atrasando o projeto do livro que Saramago escrevia. Essa vampirização da vida, convertida num produto imaterial, cobra um preço alto, quando o escritor entra em colapso. E quando isso ocorre, um dos grandes temores de Saramago, como já mencionado, é não conseguir finalizar o seu próprio livro. A sua constante exposição provoca uma espécie de esvaziamento de sua própria potência, cada vez mais capturada pelos dispositivos midiáticos. A partir disso, é possível refletir um pouco sobre o papel do próprio documentário, que não faz senão repetir essa mesma lógica. A câmera, uma intrusa sempre presente, não se afasta nem nos momentos mais tensos, quando Saramago está enfermo e internado num hospital. Não há nenhum imperativo maior do que satisfazer a curiosidade do público diante daquele personagem tão intrigante. Felizmente a intensidade afetiva do escritor consegue abrir um espaço de dobra, ainda que provisório, nesse processo de captura, e acho que é isso, sobretudo, que me emocionou ao longo do filmes. É quando a obra se finaliza, e o escritor pode transformar sua potência em ato: a escritura. Enfim, o documentário acabou criando uma forte sensação, quase de urgência, de que não há homenagem maior do que esquecer um pouco o personagem Saramago e retornar ao escritor Saramago, e recomeçar a ler seus livros.

Fonte: http://ensaiosababelados.blogspot.com/2010/11/jose-e-pilar-de-miguel-goncalves-mendes.html

domingo, 24 de outubro de 2010

Jão Gomes de Sá - Literatura de Cordel


JOÃO GOMES DE SÁ nasceu em Água Branca, no sertão alagoano, no dia 9 de maio de 1954, e mora em São Paulo. É formado em Letras (Português-Inglês) pela Universidade Federal de Alagoas. Em 1977, trabalhou como bolsista da Funarte no Museu de Antropologia e Folclore Dr. Théo Brandão, quando conheceu as manifestações de cultura espontânea de seu povo. E é por isso que, volta e meia, o que escreve revela a influência do folclore da região.

Morando em São Paulo há algum tempo, além de suas atividades como professor de Português, dá orientações técnicas sobre o folclore. Utilizando elementos da cultura popular, escreveu e editou Ressurreição do boi, Canto guerreiro e Meu bem-querer e os cordéis A briga de Zé Valente com a Leide Catapora e A luta de um cavaleiro contra o Bruxo Feiticeiro.

Livros:

O Corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo, é o tema inspirador deste volume da Coleção Clássicos em Cordel. O poeta João Gomes de Sá, nesta versão para a poesia de cordel, transporta os famosos personagens para uma pequena cidade do Nordeste Brasileiro.

Alice no País das Maravilhas, imaginado pelo cordelista João Gomes de Sá, há rios de leite, castelos feitos de rapadura, e o chapeleiro louco usa um chapéu igual ao de Lampião. A pequena Alice e os fascinantes personagens da obra-prima de Lewis Carroll ganham nova roupagem nesta releitura em cordel.

Sebastião Marinho - Repentista


Sebastião Marinho 55, é cantador repenista profissional desde 1968, natural de Solânea, estado da Paraíba é o presidente-fundador da Ucran-União dos Cantadores, Repentistas e Apologistas do Nordeste. (Trechos da matéria feita no final dos anos 80 na revista "Quinta Roda").
A família de Sebastião Marinho ainda tentou convencê-lo a procurar uma profissão mais estável e, aos 13 anos, fizeram com que ele fosse cuidar de uma mercearia. Mas sempre que tinha alguma cantoria, ele fechava o estabelecimento e ia desafiar os velhos cantadores. Quando fez dezoito anos, Sebastião achou que já era tempo de "conhecer mundo", e partiu para a cidade onde montou um programa na rádio Difusora de Bananeiras. Era um programa diário, e com ele, Sebastião começou a ficar famoso e a ser requisitado para cantorias em outras cidades. Na Tv fez Diversas entrevistas e matérias na Band, SBT, Globo, Cultura, Canais comunitários, etc, Participou de dezenas curta metragens e documentários. O mais recente é o curta de 2002, " O Homem e o Lobisomem" produzido no Distrito Federal.
- Participações mais recentes:
* Programa Ensaio - TV Cultura (1999) Acompanhado dos cantadores: Sebastião da Silva, Waldir Teles e Coriolano Sérgio. Esse programa foi muito importante na difusão do repente em São Paulo, onde os cantadores puderam contar experiências pessoais muito marcantes no desenvolvimento de seus trabalhos.
* Brasil Quinhentos Anos - TV Globo (2000)
* Repórter Eco - Tv Cultura (2002)

Sebastião Marinho e a indústria fonográfica:

- Participou de diversos CD'S de coletâneas sobre a arte da cantoria. - Em 1979 e 1981 fez a 1a e 2a coleção "Cantadores do Nordeste" Sebastião Marinho e João Quindingues- selo Copacabana. - CD'S mais recentes:

OBS.: Visitou o Colégio Marupiara (Escola onde trabalho como bibliotecária), no dia 23 de Outubro de 2010.

domingo, 5 de setembro de 2010

Crianças Invisíveis: a infância perdida


Crianças Invisíveis é uma produção encomendada pela Unicef e realizada pelas mãos hábeis de oito diretores consagrados de diferentes nacionalidades. A realidade dos continentes tem recortes de suas crianças transpostos para as telas a partir do olhar sensível e diferenciado de nomes como os do inglês Ridley Scott e de sua filha Jordan Scott, da brasileira Katia Lund (co-diretora de Cidade de Deus), do norte-americano Spike Lee, do chinês John Woo, do italiano Stefano Veneruso, do bósnio Emir Kusturica e do argelino Mehdi Charef.

Há, evidentemente, para cada diretor uma produção. O filme é, então, uma colcha de retalhos que nos coloca a cada momento num paralelo específico, a observar o que está acontecendo, nesse exato momento, com algumas crianças em seus respectivos países/continentes. A qualidade dos trabalhos é marcada pela instabilidade. Mesmo levando-se em conta o currículo recheado dos cineastas que estão envolvidos no projeto, alguns filmes são melhores e mais tocantes enquanto outros parecem carecer de um pouco mais de brilho e empenho de seus realizadores.

Há histórias que nos atingem mais profundamente e nos fazem sentir a dura realidade das crianças ali retratadas como se estivéssemos no lugar delas. Outras são um pouco mais frias e distantes, mas também se prestam a denunciar irregularidades, erros, descaminhos e problemas que abreviam a infância e forçam muitas e muitas crianças a amadurecer prematuramente às custas de grandes sofrimentos.

Sem patriotadas é possível definir o filme de Kátia Lund como a melhor realização entre os curta-metragens que compõem Crianças Invisíveis. Parecemos caminhar pelas ruas de São Paulo ao lado das crianças que protagonizam o filme. Cada detalhe das ruas paulistanas parece muito familiar aos espectadores brasileiros, mesmo para aqueles que moram no Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Recife.

A decepção maior fica por conta do trabalho do oscarizado Ridley Scott, em parceria com sua filha Jordan Scott. A Grã-Bretanha dos Scott não nos parece real, como também as crianças que ali aparecem. O projeto poderia ter uma resposta melhor se a questão das minorias étnicas fosse o foco do projeto de cineastas europeus como Scott. Questões primordiais relativas a esse tema têm sido discutidas em nações prósperas e socialmente bem estabelecidas como a França, a Alemanha e a própria Inglaterra e seriam enriquecedoras caso incluídas no filme.
O filme sobre a Itália também decepciona e se mostra frágil em seus argumentos ao destacar a marginalidade dos adolescentes e seu envolvimento com cigarros e drogas ilícitas. Seria possível explorar dentro do universo europeu o envelhecimento de sua população e a solidão das crianças que vivem em países com PIB elevado e seguridade social garantida. Que infância têm esses meninos e meninas?

A inclusão da África e de suas guerras civis, o episódio norte-americano falando sobre a exclusão a que estão submetidos os aidéticos (com um olhar particularmente devotado a comunidade negra, bem ao estilo de Spike Lee), os reformatórios na Bósnia-Herzegovina e na Sérvia a nos colocar em contato com as crianças marginalizadas e violentas (o que pode nos fazer lembrar da Febem...) e o contraste da infância rica e da pobre na China dos novos tempos (num ótimo trabalho de John Woo) nos permitem uma ampla e interessante visão global da infância perdida.

Ficamos órfãos, no entanto, de uma voltinha pela Oceania, pelos cantos do Oriente Médio, de tão competentes cineastas, e pelas cercanias da Índia (e sua prolífica Indústria Cinematográfica, que poderia nos legar capítulos interessantes nesse volume). Quem sabe essas histórias não ficaram para uma nova e necessária versão do filme, uma continuação que valeria a pena fazer...
Precisamos abrir os olhos e dar mais atenção a essa infância desperdiçada, violentada e desesperançada. Tem nos faltado a devida sensibilidade para que essa nobre causa ganhe mais e mais defensores em todo o planeta. O filme certamente queria abrir não só os nossos olhos, mas também os nossos corações,...

O Filme
Os morros africanos nos introduzem nas mazelas das crianças e nos transportam para as disputas políticas que geram as guerras civis africanas. Crianças travestidas de soldados que se escondem no meio de plantações à espreita de soldados que representam ditadores e opressores que controlam tudo a mão de ferro. O medo não parece acompanhar os meninos. O ódio, por sua vez, é ingrediente que nutre cada um de seus passos sem lhes dar um só instante de trégua...

Como num passe de mágica, que só o cinema nos permite, viajamos milhares de quilômetros e atravessamos o Atlântico para chegar às ruas da Grande São Paulo. Acompanhamos os passos de duas crianças pelas ruas da opressora metrópole. Catadores de papelão, latinhas e sucatas em geral, os irmãos João e Bilú, sofrem com o trânsito, a disputa por espaço em seu “mercado de trabalho”, a violência e o desdém com que são tratados por tantas pessoas e até mesmo com o clima e a poluição. Tudo isso sem perder a esperança, a fé e o bom humor...

Do norte do continente migramos para os bairros de Nova Iorque. Não é o lado rico e charmoso da cidade que nos acolhe. São os bairros mais simples, que para muitas cidades do mundo pobre seriam considerados até mesmo privilegiados diante da tamanha miséria em que vivem. Dentro de um desses apartamentos acompanhamos a triste realidade de uma menina aidética e de seus pais viciados. Há luz no fim do túnel para essas pessoas?

Da América vamos para a Europa, chegamos num reformatório Bósnio. Meninos que burlaram a lei estão todos reunidos sob a tutela de um pretenso educador/diretor de instituição correcional. Será possível reverter a história desses meninos marginalizados pela sociedade e pelos desmandos de suas próprias famílias?

Ainda na Europa passeamos pela Inglaterra e os traumas das crianças que sobrevivem às guerras na orfandade. Com os pais mortos nos conflitos e a economia de seus países arruinada pelas bombas lançadas dos céus, que destino existe para essas crianças e adolescentes?

Na Itália o nosso foco passa a ser o desvio provocado pelos vícios e pela desestruturação familiar. Crianças, pré-adolescentes e adolescentes que perambulam pelas ruas atrás de vítimas distraídas que possam ter suas carteiras furtadas ou relógios caros roubados. De suas rápidas desventuras surge o necessário dinheiro para pagar os vícios do cotidiano...

O episódio mais tocante fica, porém, para o final. Para tanto migramos para a China. A opulenta economia chinesa e seus altos índices de crescimento nos colocam em contato com uma emergente parcela de sua sociedade que tem automóveis de luxo, casas amplas e dinheiro suficiente para comprar muitos brinquedos para suas crianças. Do outro lado da cidade, em casebres lúgubres que nos lembram os cortiços de Aluísio de Azevedo, vivem milhões de pessoas que lutam somente para sobreviver. Sua busca não é pela riqueza, mas pelo pão de cada dia. Entre elas há muitas crianças...
Cada história traz várias imagens fortes. A tristeza no rosto das crianças é uma das mais marcantes. Nos diferentes países há uma evidente amargura expressa na face desses menores. Apesar disso o que mais me tocou com profundidade foram as lições de esperança dos protagonistas das histórias brasileira e chinesa. Seus exemplos e otimismo parecem nos dizer que ainda dá tempo de virar o jogo.
Apesar da irregularidade dos episódios, Crianças Invisíveis é um gol de placa da Unicef. Pena que a distribuição do filme nos cinemas e nas locadoras tenha sido tão restrita. Temos que levar a produção para as salas de aula e despertar nossos alunos para o flagelo que devora as infâncias de tantas e tantas crianças mundo afora...

Ficha Técnica:

Crianças Invisíveis(All the invisible children)
País/Ano de produção: Itália, 2005Duração/Gênero: 116 min., Drama Direção de Kátia Lund, Spike Lee, Ridley Scott, Jordan Scott, Stefano Veneruso, John Woo, Mehdi Charef e Emir KusturicaRoteiros de Mehdi Charef, Diogo da Silva, Stribo Kusturica, Kátia LundCinqué Lee, Joie Lee, Spike Lee, Qiang Li, Stefano Venerusco, Jordan ScottElenco: Francisco Anawake, Maria Grazia Cucinotta, Damaris Edwards, Vera Fernandez, Hazelle Goodman, Hannah Hodson, Zhao Ziann, Wenli Jiang, David Thewlis, Jake Ritzema, Kelly Mcdonald, Rosie Perez, Andre Royo, Qi Ruyi, Lanette Ware.
Links:


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Kevin Lyttle


Kevin Lyttle (born Lescott Kevin Lyttle Coombs, September 14, 1976) is a soca artist hailing from Saint Vincent and the Grenadines, who had a worldwide hit with the interpellative soca ballad, "Turn Me On", which was recorded by Lyttle and the dancehall artist Spragga Benz. The song was previously recorded by Lyttle and Vincentian soca star MaddZart and produced by Adrian Bailey.

Career

Previously, Lyttle had subsisted on day jobs, such as customs officer and radio disc jockey. Lyttle recorded "Turn Me On" in Saint Vincent and the Grenadines in 2001. His strong live performances of soca influenced by dancehall and contemporary R&B made the song a hit throughout the Caribbean.
The song started finding its way into
clubs in the UK. It was officially released as a single in the UK in late 2003 and reached number two in its first week, spending seven weeks in the Top 10 of the UK Singles Chart.
It later reached number eleven in Finland and number three in Australia; and was a hit in other twelve countries. The single was released in the U.S. in 2004 and the video was added to MTV on May 24, 2004. "Turn Me On" eventually went gold in the U.S. and peaked at number four on the Billboard Hot 100.
Lyttle signed with
Atlantic Records in 2003.

His self-titled album was released on July 27, 2004 in the U.S. The second single, "Last Drop", has been released in markets outside the U.S., and has reached the Top 10 in Finland, the Top 20 in Switzerland, the Top 30 in the UK and Top 40 in the Netherlands, Sweden, and Australia.
Along with Byron Lee and Arrow, he performed at the Cricket World Cup 2007 opening ceremony in Greenfield Stadium, Jamaica.
Lyttle's latest album, Fyah, was released by
Universal Records in Japan in the late summer of 2008. It featured contributions from the artists, Problem Child, Lexxus and Skinny Fabulous, plus a duet version of "Turn Me On" with Alison Hinds. Single releases included the title song and the Kevin Rudolf produced, "Something About You". U.S., Canadian, European and Caribbean releases followed.
Personal life
Lyttle lives in
Miami, Florida and is engaged to Dr. Jacqueline James.

Discography
Albums
2004:
Kevin Lyttle - #8 U.S.
(RIAA certification: Gold)
2008: Fyah -
Universal - Japan

Singles
2004: "
Turn Me On" - #4 U.S., #2 UK
2004: "Last Drop" - #22 UK
2004: "Drive Me Crazy"
2008: "Fyah"
2009: "Anywhere" featuring
Flo-Rida

References
Roberts, David (2006). British Hit Singles & Albums (19th ed.). London: Guinness World Records Limited. p. 335. ISBN 1-904994-10-5.

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Fábio Sombra


Fábio Sombra (Rio de Janeiro, 1965) é um escritor brasileiro. Suas obras para crianças e jovens, geralmente abordam temas da cultura popular brasileira como: folias de reis, desafios em versos e cantorias de viola. Seu livro “A lenda do violeiro invejoso” (2005) recebeu da FNLIJ o selo de “Altamente recomendável para o jovem”. Fábio Sombra é membro da ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel, onde ocupa a cadeira de número 03, dedicada ao poeta Firmino Teixeira do Amaral.

Obras publicadas:

Rio de Janeiro by Fábio Sombra – Ed. Viana e Mosley – 2004
A Lenda do violeiro invejoso – Ed. Rocco – 2005
A peleja do violeiro Magrilim com a formosa princesa Jezebel – Ed. Lê – 2008
A caravana do oriente – Ed. Rocco – 2008
Magrilim e Jezebel em: O rei do ABC – Ed. Lê – 2009
Armando e o mistério da garrafa – Ed. Abacatte– 2009
Curupiras, sacis e outras criaturas fantásticas das florestas – Ed. Rocco – 2009 Brincadeira de arco-íris – Ed. Ao Livro Técnico – 2009
Cantos e contas – Ed. Ao Livro Técnico – 2009
Treze casos de viola e violeiros – Ed. Escrita Fina – 2010
João Valente – Ed. Abacatte – 2010
O soldado que assustou a morte - Ed. Mundo Mirim - 2010


Fonte:

Ferreira Goulart


Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de setembro de 1930) é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo.

Biografia:

Segundo Mauricio Vaitsman, ao lado de Bandeira Tribuzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, José Bento, José Sarney e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores.

Morando no Rio de Janeiro, irá participar do movimento da
poesia concreta, sendo então um poeta extremamente inovador, escrevendo seus poemas, por exemplo, em placas de madeira, gravando-os.
Em 1956 participou da exposição concretista que é considerada o marco oficial do início da poesia concreta, tendo se afastado desta em 1959, criando, junto com
Lígia Clark e Hélio Oiticica, o neoconcretismo, que valorizava a expressão e a subjetividade em oposição ao concretismo ortodoxo. Posteriormente, ainda no início dos anos de 1960, se afastará deste grupo também, por concluir que o movimento levaria ao abandono do vínculo entre a palavra e a poesia, passando a produzir uma poesia engajada e envolvendo-se com os CPC's.

Prêmios:

Ganhou o concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com seu poema "O Galo" em 1950. Os prêmios Molière, o Saci e outros prêmios do teatro em 1966 com "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", que é considerada uma obra prima do teatro moderno brasileiro.

Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2007, seu livro Resmungos ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crônicas de Gullar publicadas no jornal "Folha de São Paulo" no ano de 2005. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.
Foi agraciado com o
Prémio Camões 2010.

Bibliografia:

Poesia:

Um pouco acima do chão, 1949
A luta corporal, 1954
Poemas, 1958
João Boa-Morte, cabra marcado para morrer (cordel), 1962
Quem matou Aparecida? (cordel), 1962
A luta corporal e novos poemas, 1966
História de um valente, (cordel; na clandestinidade, como João Salgueiro), 1966
Por você por mim, 1968
Dentro da noite veloz, 1975
Poema sujo, (onde localiza-se a letra de
Trenzinho do Caipira) 1976
Na vertigem do dia, 1980
Crime na flora ou Ordem e progresso, 1986
Barulhos, 1987
O formigueiro, 1991
Muitas vozes, 1999
Antologias
Antologia poética, 1977
Toda poesia, 1980
Ferreira Gullar - seleção de Beth Brait, 1981
Os melhores poemas de Ferreira Gullar - seleção de Alfredo Bosi, 1983
Poemas escolhidos, 1989
Contos e crônicas
Gamação, 1996
Cidades inventadas, 1997
Resmungos, 2007

Teatro:

Um rubi no umbigo, 1979

Crônicas:

A estranha vida banal, 1989
O menino e o arco-íris, 2001
Memórias:
Rabo de foguete - Os anos de exílio, 1998
Biografia:
Nise da Silveira: uma psiquiatra rebelde, 1996
Ensaios:
Teoria do não-objeto, 1959
Cultura posta em questão, 1965
Vanguarda e subdesenvolvimento, 1969
Augusto do Anjos ou Vida e morte nordestina, 1977
Tentativa de compreensão: arte concreta, arte neoconcreta - Uma contribuição brasileira, 1977
Uma luz no chão, 1978
Sobre arte, 1983
Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta, 1985
Indagações de hoje, 1989
Argumentação contra a morte da arte, 1993
O Grupo Frente e a reação neoconcreta, 1998
Cultura posta em questão/Vanguarda e subdesenvolvimento, 2002
Rembrandt, 2002
Relâmpagos, 2003
Televisão:
Araponga - 1990/1991 (Rede Globo) - colaborador
Dona Flor e Seus Dois Maridos - 1998 (Rede Globo) - colaborador
Irmãos Coragem - 1995 (Rede Globo) - colaborador


Bebel Gilberto


Isabel Gilberto de Oliveira, mais conhecida por Bebel Gilberto (Nova Iorque, 12 de maio de 1966) é uma cantora e compositora brasileiro-americana.

É filha dos cantores brasileiros João Gilberto e Miúcha. Começou a cantar cedo, participando de coros infantis em discos e musicais como Os Saltimbancos e Pirlimpimpim.

Estreou ao lado do pai, cantando Chega de Saudade, no especial João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, em 1980. Trabalhou no filme A cor do seu destino, de Jorge Durán. Era grande amiga de Cazuza e fez um dueto com o cantor na música Preciso Dizer Que Te Amo da qual era co-autora. Bebel compôs em parceria com Cazuza e Dé Palmeira, além de Preciso Dizer que te Amo, as canções Amigos de Bar, Mais Feliz e Mulher sem Razão. Participou do projeto Peeping Tom de Mike Patton (ex-vocalista do Faith No More), cantando "Caipirinha".

Atualmente reside em Nova Iorque, mas divide seu tempo entre os Estados Unidos e o Brasil, onde reside no Rio de Janeiro. Faz sucesso também na Europa, sendo uma das cantoras mais bem cotadas pelo leste europeu. Seu primeiro disco, Tanto Tempo, foi um dos discos mais bem cotados por público e crítica, sendo eleito um dos 1.000 discos que devem ser ouvidos antes de morrer. Bebel ainda lançou em 2004 seu segundo disco, Bebel Gilberto, que, apesar de ter ganho muitos prêmios pelo mundo (sobre tudo pelos singles "Aganjú" e "Simplesmente"), é considerado como seu disco mais fraco. Em 2007 lançou seu terceiro disco mundial, Momento que, mesmo não tendo atingido o mesmo sucesso de seu primeiro disco, foi um dos discos mais ouvidos do ano. Em 2009 pretende lançar novo Cd, All in One, com regravações de canções como "Bim Bom" e "Chica Chica Boom Chic".

Discografia:
Álbuns

1986: EP Bebel Gilberto
1991: Louquinha (mercado japonês)
2000: Tanto Tempo
2004: Bebel Gilberto
2007: Momento
2009: All in One

Compilações:

2001: Tanto Tempo Remixes
2002: Tanto Tempo Remixes [Japan]
2005: Bebel Gilberto Remixed


2000: Sem Contenção
2001: Tanto Tempo [Kruder Remixes]
2002: So Nice
2003: Close Your Eyes
2004: Aganju Pt. 1
2004: Aganju Pt. 2
2004: Aganju/Winter
2004: All Around
2004: River Song
2005: Remixed, Pt. 1 [Simplesmente]
2005: Remixed, Pt. 2 [5 Tracks]
2005: Remixed Vinyl 2
2005: Remixes EP

Participações:

1983: Geraldo Pereira
1977:
Os Saltimbancos (com Chico Buarque)
1980: A Arca de Noé (com
Vinicius de Moraes)
1981: Os Saltimbancos Trapalhões (com Chico Buarque, Miúcha e
Lucinha Lins
1981: Menino do Rio
1995: Future Listening (com
Towa Tei)
2002: The Best of Brazilian Jazz
2004: Namorando a Rosa
2006: Duetos
2006: Peeping Tom (na música Caipirinha com
Mike Patton)

Filmografia:

Referências

Yahoo!. Saltimbancos Trapalhões. Página visitada em 13/09/2008.
Clique Music UOL.
The Best of Brazilian Jazz - Vários Intérpretes. Página visitada em 13/09/2008.
Biscoito Fino.
Bebel Gilberto. Página visitada em 13/09/2008.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Manoel de Barros


Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916) é um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas européias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros.

Seu primeiro livro não era de poesia, e teria se perdido em razão de uma confusão com a polícia. Quando vivia no Rio de Janeiro, aos 18 anos, tendo entrado para a Juventude Comunista, pichou as palavras "Viva o Comunismo" em uma estátua. Quando a polícia foi buscá-lo na pensão onde vivia, a dona do estabelecimento pediu para "não prender o menino, tão bom que até teria escrito um livro, chamado 'Nossa Senhora de Minha Escuridão'". Tendo o policial que comandava a operação se sensiblizado, o poeta não foi preso, mas o livro foi perdido, pois o policial levou-o consigo.

Embora a poesia tenha estado presente em sua vida desde os 13 anos de idade, teria escrito o primeiro poema somente aos 19 anos. Seu primeiro livro publicado foi "Poemas concebidos sem pecado" (1937), feito artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares mais um, que ficou com ele.

Rompe com o Partido Comunista quando o seu líder, Luís Carlos Prestes, após 10 anos de prisão política durante o regime getulista, resolve declarar apoio ao presidente Getúlio Vargas, que já havia entregue sua esposa Olga Benário ao regime nazista da Alemanha, onde ela morreu.

Após sua decepção, vive na Bolívia, no Peru e também, durante um ano, em Nova Iorque, onde faz um curso de cinema e pintura no Museu de Arte Moderna.

Na década de 1960 voltou para Campo Grande, onde passou a viver como criador de gado, sem nunca deixar de trabalhar incansavelmente em seu ofício de poeta.

Apesar de ter escrito muitos livros durante toda a sua vida e de ter ganho vários prêmios literários desde 1960, durante muito tempo sua obra ficou desconhecida do grande público. Possivelmente porque o poeta não frequentava os meios literários e editoriais e, deduzindo-se das palavras do poeta (ele diz "por orgulho"), por não bajular ninguém.

Seu trabalho começou a ser valorizado nacionalmente a partir da descoberta deste por parte de Millôr Fernandes, já na década de 1980. A partir daí, ganhou reconhecimento através de vários dos maiores prêmios literários do Brasil, como o Jabuti, em 1987, com "O guardador de águas".

Atualmente, é considerado o maior ou um dos maiores poetas vivos do Brasil, sendo o mais aclamado atualmente nos círculos literários do seu país. Seu trabalho tem sido publicado em Portugal, onde é um dos poetas contemporâneos brasileiros mais conhecidos, na Espanha e na França.

A poesia:

Somente após as suas duas primeiras publicações em livro, as quais expressavam um lirismo mais subjetivo, a poesia de Manoel de Barros assume as características que marcam a sua obra.

Na sua obra de estréia, "Poemas concebidos sem pecado" (1937), apesar do tom auto-biográfico de poemas como "Cabeludinho", nota-se claramente a inserção do poeta no ModernismoIracema), do Parnasianismo, e da influência de Macunaíma de Mário de Andrade, admitida e criticada pelo próprio Barros. Algumas construções próximas do primeiro vanguardismo europeu e da oralidade brasileira também são perceptíveis. brasileiro de 1922, através da discussão da tradição literária brasileira ( Após a publicação de "A face imóvel" (1942), sua poesia passa a ter como "pano de fundo" o pantanal, indo sua temática, porém, muito além disto. Sendo aquele o universo onde os poemas se "desenrolam", ele é representado através de sua natureza e do seu cotidiano, usando uma linguagem que procura transformar em tátil aquilo que é abstrato. O filólogo Antonio Houaiss o compara a São Francisco de Assis, "na sua humildade diante das coisas".

Transfigurando aquele universo aparentemente pequeno, Manoel de Barros mostra, em realidade, o verdadeiro tamanho do homem diante da natureza, bem como diante das coisas. Isto fica claro diante, até mesmo, dos títulos dos seus livros, tais como "Compêndio para uso dos pássaros" (1960), "Gramática expositiva do chão"(1966) , "Tratado geral das grandezas do ínfimo"(2001). Ainda segundo Antonio Houaiss, a poesia de Manoel de Barros, sob a aparência surrealista, é de uma enorme racionalidade: "suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais...

"Outras características marcantes da poesia de Manoel de Barros são o uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que remete diretamente à oralidade, ampliando as possibilidades expressivas e comunicativas do seu léxico através da formação de palavras novas (neologismos). Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da lingua escrita reproduzindo e desnvolvendo o legado da oralidade em todos os seus níveis, seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao de Guimarães Rosa, muitos referindo-se ao poeta como "o Guimarães Rosa da poesia". "Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica", teria dito o poeta Geraldo Carneiro a seu respeito.

Pode-se dizer que Manoel de Barros, na poesia, tal como Guimarães Rosa na prosa, teria desenvolvido às últimas consequências aquilo que Oswald de Andrade expressava, programaticamente, em seu Manifesto Antropófago.

Talvez, por todas essa características, ele próprio definiu sua arte como "vanguarda primitiva", tendo consciência da sua relação com as vanguardas e o modernismo brasileiro, principalmente o de Oswald de Andrade, vivenciada junto à natureza. Manoel de Barros nunca se afasta do "vanguardismo primitivista"(ver primitivismo), como se pode notar pelo título "Poesia Rupestre" (2004), ganhador de vários prêmios literários de repercussão em todo o Brasil.

Obras:

  • 1937 — Poemas concebidos sem pecado
  • 1942 — Face imóvel
  • 1956 — Poesias
  • 1960 — Compêndio para uso dos pássaros
  • 1966 — Gramática expositiva do chão
  • 1974 — Matéria de poesia
  • 1980 — Arranjos para assobio
  • 1985 — Livro de pré-coisas
  • 1989 — O guardador das águas
  • 1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
  • 1993 — Concerto a céu aberto para solos de aves
  • 1993 — O livro das ignorãças
  • 1996 — Livro sobre nada
  • 1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
  • 1998 — Retrato do artista quando coisa
  • 2000 — Ensaios fotográficos
  • 2000 — Exercícios de ser criança
  • 2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
  • 2001 — O fazedor de amanhecer
  • 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
  • 2001 — Águas
  • 2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros
  • 2003 — Cantigas para um passarinho à toa
  • 2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
  • 2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
  • 2004 — Poemas Rupestres
  • 2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
  • 2005 — Memórias inventadas I
  • 2006 — Memórias inventadas II
  • 2007 — Memórias inventadas III
  • 2010 — Menino do Mato
  • 2010 — Poesias Completas

Prêmios:

  • 1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro Compêndio para uso dos pássaros;
  • 1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro Gramática expositiva do chão;
  • 1969 - Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro Gramática expositiva do chão.
  • 1989Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro O guardador de águas;
  • 1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano;
  • 1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro Livro das ignorãnças;
  • 1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro Livro sobre nada;
  • 1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra;
  • 2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2002Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com O fazedor de amanhecer;
  • 2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro Poemas rupestres;
  • 2006Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Poemas rupestres.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros